Toda solidariedade ao Haiti!

Camille Chalmes, da PAPDA, no encontro em solidariedade ao Haiti. Fotos: Flaviana Serafim e Juce Rocha/Jubileu Sul Brasil

Confira a declaração de apoio ao país caribenho que há anos passa por múltiplas crises e está prestes a enfrentar mais uma ocupação militar

Por Redação – Jubileu Sul Brasil

Representantes de movimentos populares, organizações, sindicatos, partidos e ativistas de 16 países da América Latina e Caribe participaram do encontro em solidariedade ao Haiti, com a presença de Camille Chalmers, da Plataforma Haitiana para o Desenvolvimento Alternativo – PAPDA. O ato político ocorreu no último dia 25 de outubro, no auditório Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), no centro da capital paulista. 

Publico de 16 países durante o ato político no Sindicato dos Jornalistas

A atividade contou com apoio do Comitê “Defender o Haiti é defender a nós mesmo”, e fez parte da programação da Conferência Internacional “Soberania Financeira: Dívida, Exploração e Resistências”, promovida na cidade de São Paulo entre os dias 23 e 25 de outubro, numa iniciativa numa iniciativa da Rede Jubileu Sul/Américas (JS/A), do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM-AYNA) e do Conselho de Educação Popular da América Latina e do Caribe (CEAAL). 

No debate no SJSP, Chalmers alertou para a gravidade das múltiplas crises enfrentadas pelo povo haitiano há anos: insegurança alimentar, crise humanitária, intervenção militar, instabilidade político-econômica e institucional. Ele denunciou a gangesterização do Haiti por milícias financiadas com apoio dos Estados Unidos, e ainda o papel das políticas impostas por organizações, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), no cenário vivido pela população haitiana. 

Rosilene Wansetto (ao microfone), secretária executiva da Rede Jubileu Sul Brasil

Ao final do encontro, as entidades organizadoras da conferência de soberania financeira divulgaram um documento em apoio ao povo haitiano, confira a íntegra na versão em português: 

Declaração de Apoio e Solidariedade com o Povo do Haiti

Da Conferência Internacional “Soberania Financeira, Dívida, Exploração e Resistências”, nos manifestamos em solidariedade com o povo haitiano na luta pelas suas vidas e por soberania e contra a nova invasão e ocupação planejada pelos Estados Unidos com o apoio da Organização das Nações Unidas –  ONU.

O Haiti atravessa uma grave crise econômica, política e institucional. O país vive cinco anos consecutivos de recessão econômica e enfrenta uma crise de inflação, que ultrapassa os 50% anuais, e uma grave crise cambial com a perda de 3000% do valor da moeda nacional face ao dólar. Tudo isso acompanhado de um congelamento do salário mínimo. Os governos de extrema-direita, impostos pela chamada “comunidade internacional”, destruíram as instituições democráticas. Há dois anos que não existe parlamento e o poder judiciário não funciona. Está claro que as desigualdades se agravaram e 50% da população está em situação de insegurança alimentar.

Esta situação dramática se deve à ação das forças de extrema-direita que controlam o sistema político do país e todas as instituições do Estado desde 2011. A ação das sucessivas missões das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos – OEA, presentes desde 1992, – e incluindo uma ocupação militar em grande escala entre 2004 e 2017 – a MINUSTAH -, foi um fracasso retumbante. Estas missões contribuíram para agravar a crise na sociedade haitiana, enfraquecendo as instituições do Estado, aumentando a dependência política do país. A aplicação das políticas neoliberais impostas pelo Fundo Monetário Internacional – FMI contribuiu para o enfraquecimento do sistema produtivo, criando uma perigosa dependência alimentar e a destruição de empregos, criando as condições objetivas para o florescimento de gangues que exploram a desesperança de um grande número de jovens desempregados e sem perspectivas. Além disso, a MINUSTAH foi autora de graves violações dos direitos básicos do povo haitiano, incluindo violações massivas de mulheres e crianças e a introdução da cólera que matou 40.000 pessoas e infectou 800.000, com enormes danos à economia e ao tecido social.

Esses crimes contra o povo haitiano não devem ficar impunes. Mais do que uma nova ocupação, o Haiti precisa e tem direito à punição dos responsáveis ​​e a indenizações e reparações proporcionais aos crimes cometidos.

Desde 2019, testemunhamos a presença crescente de gangues armadas que exercem violência feroz contra os moradores dos bairros populares da região metropolitana. O recente relatório do Grupo de Peritos do Comitê de Sanções das Nações Unidas, mandado pelo Conselho de Segurança, confirma que estes bandos foram armados por líderes políticos para destruir as mobilizações populares e excluir as classes populares do jogo político. O crescimento do poder destas milícias foi favorecido pelo contexto de privatização e destruição das instituições do Estado, impulsionado pelas opções políticas do FMI e pelas orientações da extrema direita que mantêm laços estreitos com o tráfico de drogas e a economia do crime organizado. Os países imperialistas, a OEA e a ONU, ofereceram apoio total aos sucessivos governos do Partido Haitiano Tèt Kale – PHTK, simultaneamente com a crescente gangsterização do sistema político, que levou ao assassinato do ex-presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021.

Toda luta contra a insegurança deve procurar soluções políticas com a participação da população que, em abril de 2023, lançou processos de autodefesa bem-sucedidos através do movimento “Bwa Kale”. Um elemento estrutural confirmado por vários relatórios de organizações de direitos humanos é que estas gangues recebem um fluxo constante e massivo de armas de guerra e munições dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que este mesmo país aplica um embargo e não vende armas às Forças Públicas haitianas. Existem dois elementos-chave: o fornecimento de armas e munições desde os Estados Unidos e por meio da fronteira com a República Dominicana, e o benefício da impunidade total que os atuais líderes do governo de fato garantem aos membros e líderes destes grupos armados, apesar de todas as evidências da sua responsabilidade na organização de mais de 12 massacres durante o período 2018-2023.

Juntamente com o povo haitiano, queremos soluções reais para os problemas mais urgentes. Isto implica a cessação do apoio oferecido ao PHTK e aos seus aliados que produziram a atual situação caótica, e não uma transição de continuidade garantindo o monopólio do PHTK com o Doutor Ariel Henry. Denunciamos o apoio do FMI ao poder atual e salientamos que as orientações impostas pelas instituições financeiras internacionais – IFIs, particularmente pelo FMI, têm desempenhado um papel determinante na criação do caos com que o poder hegemônico procura impor a aceitação nacional e internacional desta nova ocupação.

Em 2 de outubro, o Conselho de Segurança da ONU adotou a resolução 2699, autorizando o envio de uma “Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti”, repetindo os erros cometidos nas últimas duas décadas. Nós nos opomos a esta nova ocupação militar. A solução para os problemas de insegurança passa pela destruição dos laços orgânicos que existem entre os atualmente responsáveis ​​pelo Executivo de fato, e pela eliminação do fornecimento de armas e munições a partir do território norte-americano.

A ocupação militar visa apoiar o poder de Ariel Henry, primeiro-ministro de fato, oferecer a possibilidade de organizar uma mudança arbitrária na Constituição de 1987 e avançar para a organização de eleições fraudulentas totalmente controladas pela extrema direita.

A polícia queniana, anunciada como a que vai liderar esta nova missão, vai fazê-la de fato sob o controle do governo dos Estados Unidos. Sabemos também que a polícia queniana é conhecida pelas múltiplas violações cometidas contra a população do seu país, incluindo o assassinato de cidadãos quenianos durante manifestações pacíficas.

O Haiti necessita da solidariedade ativa do povo latino-americano para superar as múltiplas crises que o afetam gravemente.

As organizações sociais e políticas do Haiti, no contexto de uma consulta muito ampla, desenvolveram uma proposta coerente e viável conhecida como “Acordos de Montana”, para a implementação de uma transição de ruptura. Exigimos respeito pela autodeterminação do povo haitiano e apoio às soluções elaboradas pelos atores haitianos.

Por um Haiti Livre e Soberano!

São Paulo, Brasil, 25 de outubro de 2023″

 

Fuente: Jubileu Sul Brasil

Victorina e Isaías, 40 años cultivando flor de muerto en Oaxaca: “Sembramos por tradición a pesar de que ya no llueve como antes”

Es de tarde, el viento sopla ligero y ambos caminan con tranquilidad entre los surcos que parecen un gran jardín pintado de amarillo, guinda y violeta . Victorina Valdivieso González e Isaías Alonso Marín tienen 65 años de edad y desde hace 40 años cultivan flores de muerto “Guie’ biguá (cempasúchil), Guie’ cresta de gallo y guie’ yaana’ (flor de olote)” en familia y por tradición en esta localidad oaxaqueña.

Este año para la familia de Victorina e Isaías ver sus flores crecer y florecer fue un reto, porque no hubo lluvia, la sequía, producto de la crisis climática se ha prolongo demasiado, y es que recalcan que “sin agua, no hay vida”.

Cultivar la flor de muerto va más allá de obtener dinero, para ellos, es seguir conservando esta tradición que hacen año con año pero en colectivo y preservando el tequio. Ellos son la única familia en la localidad que cultivan la flor de muerto en esta localidad en grandes volúmenes, hay otros que solo lo hacen en el patio de su hogar o en unos cuantos metros.

Mientras narra, Victorina toca con sus manos la suavidad de las flores de color guinda, son cresta gallos, y dan el toque perfecto a los altares o biguies que elaboran los días 30 y 31, fechas en que se celebra el culto a los muertos en esta región de Oaxaca.

Son aproximadamente medio centenar de surcos los que la familia Alonso Valdivieso cultivó en este 2023, y que ahora venderán en los mercados de la comunidad o en su propia casa .

“Celebramos que este año este dando la flor, fue difícil, pero por fortuna pudimos hacer un pozo hace 13 años y con eso lo regamos. Este tipo de flores requieren agua, cuidado, buena mano y paciencia, estamos contentos de que habrá flores para ponerle a nuestros muertos”, expresaron.

La siembra de la flor de muerte tiene su proceso: En junio comienzan las labores, todo es manual y orgánico, y participan sus dos hijos- Manuel y Lourdes- y para este año, también participó su nuera y los nietos.

“Lo primero que se hace es labrar la tierra con un arado de madera y yuntas de bueyes”, explica el campesino. Isaías nació, creció y sigue cultivando la tierra, porque cree que es la mejor fuente de vida.

“Herencia de mi padre es la tierra, nosotros sembramos porque nos gusta, porque creemos que así conservamos una tradición, que es la sembrar las flores, pero también la de preservar el culto a los muertos, el saber que vuelven para convivir con nosotros, y se llevan los aromas de las flores cuando se van, porque es la esencia de la vida”, dijo.

El ritual incluye también el rezo a San Isidro Labrador, nuestro patrono de los campesinos, a él le invocamos, le dejamos en sus manos nuestra milpa.

“Estoy muy feliz y contento, porque habrá flor, ya la gente por tradición nos visita en la casa, en la víspera del Día de muertos para comprar sus flores, repito, nosotros lo vendemos por gusto, por conservar una tradición, más que volvernos ricos”.

Recordó que cultivar la flor de muerto es una herencia de hace más de 40 años que su suegra, Francisca González Ruiz, originaria de Huilotepec, Oaxaca les enseñó y desde entonces su campo se pinta de tres colores cada mes de octubre.

“Desde el 28 comenzamos a cortar las flores, y acabamos el 31 por la mañana, la gente ya sabe, ya viene a la casa y lo aparta, o bien lo llevamos al mercado, es un verdadero gozo saber que hubo flores, que crecieron contentas y que florearon con mucha fe”, expresa el campesino.

Victorina e Isaías aseguran que mientras tengan fuerza, habrá siembra, y recalcaron que su mayor herencia para sus hijos es que no se olviden del campo, que es fuente de vida.

“Acá hacemos milpa, al año cosechamos flores, pero también tomates, maíz, frijoles, calabaza, chile habanero, todo usando técnicas tradicionales y de forma orgánica, para no dañar nuestra tierra”, reiteró.

De acuerdo con el Monitor de Sequía en México, los cuales mostraron que al 15 de agosto de este año al menos 348 municipios de Oaxaca fueron afectados por la sequía, es decir, 61 por ciento de los 570 municipios del estado.

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Fuente: Desinformemonos

Organizações e movimentos exigem reparação às dívidas financeiras e sociais rumo ao bem viver

Na declaração final da Conferência de Soberania Financeira, realizada de 23 a 25 de outubro em São Paulo, participantes cobram “mudanças profundas nas políticas e estruturas que sustentam esta lógica de exploração, endividamento, pilhagem e dominação (…), rumo a modos de vida baseados na democracia ativa, na justiça e na autonomia do povo para recuperar o sentido coletivo da vida”

Por Redação – Jubileu Sul Brasil

As organizações e movimentos populares participantes da Conferência Internacional “Soberania Financeira: Dívida, Exploração e Resistências”, realizada na capital paulista, divulgam a declaração final resultado do encontro realizado de 23 a 25 de outubro, numa iniciativa da Rede Jubileu Sul/Américas (JS/A), do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM-AYNA) e do Conselho de Educação Popular da América Latina e do Caribe (CEAAL).

O encontro teve como objetivo promover pensamento crítico, estratégias e alternativas ao sistema de endividamento causado por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial para explorar riquezas, impor a agenda neoliberal e interferir na soberania dos países do Sul global. Ao longo dos três dias de debates, houve troca de experiências, propostas e resistências em curso nos territórios de 16 países da América Latina e Caribe.

Na declaração final da conferência, as organizações e movimentos denunciam “o sistema de dívida perpétua, juntamente com o sistema corporativo de comunicação, como uma das ferramentas centrais do processo histórico de dominação, pilhagem e dependência, que continua a se expandir e a se aprofundar de múltiplas formas”. Entre outros, ressaltam que “os povos explorados e saqueados do Sul que devemos nos assumir como sujeitos históricos com capacidade de levar a cabo estas lutas para transformar as nossas realidades, e construir alternativas de soberania e de bem viver”.

Confira a íntegra da declaração (disponível para download no final do texto):

“Reunimos em São Paulo, de 23 a 25 de outubro de 2023, membros de organizações, articulações e movimentos populares de 16 países da América Latina e do Caribe, para trocar realidades, desafios, alternativas e propostas em torno da Soberania Financeira, da Dívida, da Exploração e de nossas Resistências.

Somos parte dos povos da nossa América, Abya Yala, que estamos de pé, lutando de múltiplas formas para defender a vida, nossos direitos e dignidade, os territórios, os corpos e toda a natureza. Ouvimos suas vozes e nos comprometemos a fortalecer nossa solidariedade ativa, especialmente com o povo Avá-Guarani Paranaense em sua exigência por reparações integrais pela desapropriação causada pela construção da mega barragem de Itaipu; com o povo do Haiti frente ao novo projeto de ocupação em curso; com o povo peruano que enfrenta o golpe e a ditadura e exige a implementação de um processo Constituinte; com o povo Garífuna e outros em Honduras diante da expropriação, criminalização, desaparecimentos e assassinatos; com a luta no Panamá contra a mineração; com o povo cubano que não cede na sua política de solidariedade com o mundo, apesar do bloqueio genocida e imoral e da designação do seu país como terrorista; com a defesa da recente decisão popular no Equador de deixar o petróleo enterrado na área de Yasuní.

Afirmamos a nossa solidariedade com as lutas travadas em todo o mundo por uma paz fundada na justiça, na soberania e na autodeterminação, fazendo eco neste momento particularmente com o grito do povo palestino contra o genocídio.

Durante a Conferência, vimos como os nossos povos e países vivem sucessivas crises de governança, culturais, socioecológicas e estruturais, geradas a partir das políticas e empréstimos de grandes bancos, empresas e fundos financeiros multinacionais, apoiados por governos, parlamentos, poderes judiciários e instituições financeiras multilaterais. Denunciamos o sistema de dívida perpétua, juntamente com o sistema corporativo de comunicação, como uma das ferramentas centrais do processo histórico de dominação, pilhagem e dependência, que continua a se expandir e a se aprofundar de múltiplas formas.

Trocamos análises de conjuntura e experiências que nos permitiram tornar visíveis as realidades comuns sobre os processos de dívida pública e privada e a sua relação com o avanço das políticas de ajuste, de mercantilização e financeirização da vida, bem como as tentativas de privatização dos nossos direitos, territórios, bens e corpos. A promoção de parcerias público-privadas, de acordos de comércio livre e de proteção dos investimentos estrangeiros, dos paraísos fiscais e de todas as formas de intervenção do grande capital, perpetuam as dicotomias entre indivíduo-comunidade, homem-mulher, sujeito-natureza e civilização, em detrimento das formas comunitárias de produção, consumo e desperdício harmonizadas com a natureza, bem como da nossa participação e controle democrático nas decisões que afetam a nossa vida e a de todo o planeta.

Constatamos que estes diversos processos de endividamento constituem um elemento estrutural da estratégia de reprodução e acumulação de capital que hoje procura avançar com grande ostentação nas próprias fontes da vida. Vemos como a chamada “economia verde”, por exemplo, com os seus mercados de carbono, trocas de dívidas pela conservação ou ação climática, transições energéticas nas mãos das mesmas potências de sempre, surge como uma falsa solução para a crise ecológica e climática que é fundamentalmente estrutural, e que significa perpetuar o modelo de “desenvolvimento” extrativista, excludente e endividado. Identificamos as diferentes formas como o capital imperial opera em nossos povos, corpos e territórios.

Diante desta realidade, afirmamos que a dívida em todas as suas expressões é ilegítima, ilegal, odiosa, antiética e imoral, por isso NÃO DEVEMOS e NÃO PAGAMOS. Pelo contrário, afirmamo-nos como verdadeiros povos credores, assumindo que a Dívida não é apenas financeira, mas também Histórica, Cultural, de Género, Socioecológica e Democrática. Exigimos o repúdio e o cancelamento das dívidas que não temos e as devidas reparações integrais aos territórios, comunidades e povos que foram e são vítimas destes crimes.

Levantamos a necessidade de articular forças de forma solidária para a construção de Soberanias Populares que se entrelaçam com a recuperação e fortalecimento das Soberanias Territoriais, Culturais e Espirituais; Energética e Alimentar; Política e Financeira. Precisamos descolonizar o poder e construir um contrapoder de baixo para cima, dos povos e dos territórios, enraizado no respeito pelos processos históricos, na memória, na ancestralidade e no trabalho político de cada território, bem como construir e posicionar uma narrativa contra hegemônica baseada em reciprocidade, complementaridade, coletividade e consciência de ser natureza.

Somos os povos explorados e saqueados do Sul que devemos nos assumir como sujeitos históricos com capacidade de levar a cabo estas lutas para transformar as nossas realidades, e construir alternativas de soberania e de bem viver. As soluções não virão das instituições financeiras internacionais – IFIs, nem do G20, nem de governos e instituições estatais que estão cada vez mais distantes das nossas necessidades e direitos. Exigimos mudanças profundas nas políticas e estruturas que sustentam esta lógica de exploração, endividamento, pilhagem e dominação, incluindo a crescente criminalização das lutas e a militarização dos territórios, rumo a modos de vida baseados na democracia ativa, na justiça e na autonomia do povo para recuperar o sentido coletivo da vida.

Neste sentido, propomos continuar fortalecendo nossas experiências de formação para a ação política com estratégias de educação, organização e comunicação popular, articulando-nos para consolidar lutas e resistências, gerar e apoiar campanhas e mobilizações contra o sistema de dominação múltipla de nossos povos, a construção de espaços comuns não competitivos e novas formas coletivas e solidárias de assumir a economia. Reconhecemos a criação de Tribunais Populares como uma valiosa estratégia de mobilização.

São Paulo, 25 de outubro de 2023″.

Íntegra da declaração final:

 

Declaração em espanhol:

Declaracion-Final-CONFERENCIA-INTERNACIONAL_ES

 

Fuente: Jubileu Sul Brasil

El pueblo palestino tiene derecho a la vida, la tierra y la soberanía

Las represalias de Israel por el ataque de Hamas del 7 de octubre de 2023 han evolucionado rápidamente hacia otra fase de lo que sólo puede considerarse una campaña genocida para destruir y desplazar a los 2,2 millones de residentes de Gaza. En el momento de publicar este artículo (27 de octubre de 2023), los bombardeos aéreos indiscriminados del ejército israelí han matado a más de 7,000 personas en Gaza, en su mayoría mujeres y niños, y han arrasado más de 200,000 viviendas, así como escuelas, hospitales y centros religiosos. Israel lleva más de dos semanas bloqueando los suministros de alimentos, agua, combustible, electricidad y medicamentos esenciales para Gaza, causando una crisis humanitaria y sanitaria de proporciones catastróficas según la Organización Mundial de la Salud.

Incluso antes de esta última violenta escalada, la población de Gaza ya estaba sumida en una crisis humanitaria. Desde 2007, Israel impone un bloqueo ilegal, obligando al 77% de sus residentes depender de la ayuda alimentaria. En la actualidad, organizaciones como La Vía Campesina y Oxfam afirman que el gobierno israelí utiliza el hambre como «estrategia de guerra».

Desde hace décadas, una de las muchas dimensiones del proyecto colonial israelí ha sido la destrucción de la agricultura y la pesca palestinas. Antes de octubre de 2023, el 35% de las tierras de cultivo de Gaza se encontraban dentro de una «zona de acceso restringido» en la frontera con Israel. Como consecuencia, 113.000 agricultoras y agricultores perdieron el acceso a sus tierras situadas en esta zona. Además, desde 2014, justamente cuando el viento sopla hacia Gaza y es periodo de cosecha, aviones israelíes rocían sistemáticamente esta zona fronteriza con herbicidas, incluido glifosato. El glifosato es un potente producto químico que mata a todas las plantas, y también se considera un probable cancerígeno. Sólo en enero de 2020, esta fumigación dañó 281 hectáreas de cultivos palestinos, afectando a 350 producciones y causando pérdidas de más de un millón de dólares.

El régimen de apartheid de Israel ha convertido la pesca en Gaza -un medio de vida profundamente arraigado en la cultura y la economía locales- en uno de los oficios más precarios y peligrosos de Palestina. Debido a las restricciones a la entrada de mercancías en Gaza, la escasez de combustible y la falta de equipos dificultan las salidas al mar. Además, los barcos de pesca que se aventuran más allá de las 6 millas náuticas designadas se enfrentan a menudo al encarcelamiento o a disparos directos de los israelíes. Esto contraviene el derecho internacional, que permite al Estado palestino reclamar la soberanía permanente dentro de las 60 millas náuticas. Como consecuencia, sólo la mitad de las 3.800 personas activas en la pesca tienen la posibilidad de ejercer, afectando a más e 35.000 que dependen del sector para su subsistencia.

En Cisjordania, los colonos israelíes han aprovechado la ofensiva de hoy en Gaza para intensificar sus propios ataques violentos y apoderarse de más tierras, desplazando a cientos de personas. Una vez más, se trata de una estrategia utilizada desde hace años. El 90% de Cisjordania es tierra de cultivo, pero la mayor parte se encuentra bajo control directo israelí desde los Acuerdos de Oslo de 1993. Al estar situado principalmente dentro de Cisjordania el muro de separación y dividir las tierras de cultivo y pastoreo de las aldeas, miles de familias campesinas palestinas no pueden acceder a sus tierras. En 2019, solo 12 de las 76 puertas designadas para permitir el acceso al campesinado se abrieron a diario, mientras que 56 requerían permisos. Además, el sistema de apartheid empuja a utilizar semillas y productos agroquímicos vendidos por empresas israelíes en la producción agrícola palestina, destruyendo así los suelos y la biodiversidad y generando endeudamiento y pobreza. Esto ha provocado un importante declive de la agricultura, un sector históricamente vital para la sociedad y la identidad palestinas.

En cuanto a los servicios básicos, la situación en Gaza ya era desesperada antes de los últimos recortes. El gobierno israelí llleva años imponiendo graves restricciones en el acceso al agua, implementando lo que la organización de derechos humanos Al-Haq denomina «apartheid del agua«. Desde 1982, la población palestina depende de Israel para abastecerse de agua, ya que la empresa nacional Mekorot, controla las infraestructuras. La extracción israelí de los acuíferos de Cisjordania representa el 85% del suministro del país. Mientras Mekorot garantiza la conexión de los asentamientos ilegales a la red de agua, a las familias palestinas se les niegan constantemente los permisos para construir nuevos pozos y el ejército israelí destruye a menudo sus cisternas de recogida de agua de lluvia. Esta discriminación subyacente queda patente si se tiene en cuenta que, en Cisjordania, las colonias israelíes consumen de media más de seis veces más agua que la población palestina.

Las consecuencias de este apartheid del agua van más allá de la agricultura, afectando también a la salud. Las enfermedades transmitidas por el agua se convirtieron en la principal causa de muerte en Gaza debido a la escasez en las ciudades y pueblos, así como a la falta de acceso al agua corriente en las comunidades rurales. El control de este recurso básico también implica la capacidad de regular las represas. El centro de derechos humanos Al Mezan ha reportado que la manipulación de estas infraestructuras por parte de las autoridades israelíes ha provocado inundaciones repentinas en las tierras cultivadas en Gaza.

Las organizaciones campesinas y de defensa de la soberanía alimentaria han desarrollado una serie de respuestas ante estas difíciles condiciones, desde la comercialización solidaria y las cestas de la dignidad de las mujeres gazatíes hasta los bancos locales de semillas, pasando por la agricultura agroecológica. Dado el riesgo de criminalización y represión al que estos y otros grupos se enfrentan por parte de Israel, es importante reconocer y apoyar estas iniciativas.

Gaza se enfrenta a una situación que, lejos de ser una guerra entre ejércitos, se asemeja más a la destrucción de toda una población. El propósito parece claro: hacerse con el control de todo el territorio palestino, esta vez de forma más abierta y mediante un aumento exponencial de la violencia. Es algo que Israel lleva persiguiendo sistemática e impunemente desde 1948, cuando 750,000 palestinas y palestinos fueron desplazados por la fuerza. Por eso es tan crucial mantener la presión colectiva para exigir un alto el fuego inmediato, así como el fin del régimen de apartheid. Las familias que viven del campo y de la pesca, y el pueblo palestino en su conjunto, tienen el derecho de recuperar la soberanía sobre sus vidas y sus tierras.

 

Fuente: Desinformemonos