Horta comunitária e roda de conversa resgatam saberes em ocupações do Rio de Janeiro

A ocupação Quilombo da Gamboa, na região portuária do Rio de Janeiro luta para garantir o direito à moradia e soma forças com ocupações de Vargem Grande e Macaé também na mobilização para garantir memória e segurança alimentar.

Mulheres plantam mudam de plantas e hortaliças em canteiros e tanques no Quilombo da Gamboa (RJ). Foto: Gorete Gama.

Por Jucelene Rocha

Fortalecer iniciativas autogestionárias para contribuir com a soberania alimentar e geração de renda em comunidades que vivem em situação de vulnerabilidade social, esse é um dos objetivos da Ação Mulheres: por reparação das dívidas sociais, iniciativa que apoia a luta das mulheres no Quilombo da Gamboa, região portuária do Rio de Janeiro (RJ) e em outros cinco estados brasileiros: Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Depois de conquistas importantes como a construção de uma cozinha comunitária, a comunidade da ocupação Quilombo da Gamboa, agora segue dando passos importantes na construção de uma horta comunitária. Periodicamente a comunidade se reúne para dialogar sobre práticas de agricultura urbana e agroecológica articuladas a saberes de cultivos ancestrais. A iniciativa já brotou e a comunidade colheu agora em agosto as primeiras hortaliças plantadas.

Adolescentes colhem os primeiros pés de alface nos canteiros do Quilombo da Gamboa (RJ). Fotos: Gorete Gama

A roda de conversa sobre ancestralidade, agroecologia e exercício prático “Horta autossuficiente: prática com caixa de água e irrigação”, reuniu a comunidade no dia13 de junho, nos locais dos canteiros. “As mulheres plantaram mudas e falaram de suas experiências com o cultivo. Lembraram de sua infância com suas mães e avós plantando em seus quintais. Falaram das ervas medicinais e plantas que conhecem e como usá-las”, destaca a articuladora da Ação Mulheres no Rio de Janeiro, Gorete Gama. A atividade foi organizada em parceria com a Associação Plant’Ação.

A iniciativa também está presente na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em Vargem Grande (Assentamento de Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Terra) e Macaé  (Plano de Desenvolvimento Sustentável Osvaldo de Oliveira).

Para promover a integração dos territórios do Rio de Janeiro, no último sábado (13), as comunidades se reuniram para uma análise de conjuntura, a partir do momento atual do país, além de compartilharem elementos da organização para o 28º Grito dos Excluídos e Excluídas. Os coordenadores da Central de Movimentos Populares (CMP), Marcelo Edmundo e Roberto Gomes.

A manhã de encontro também foi povoada por muita arte. Atores e atrizes do Teatro do Oprimido provocaram especialmente a juventude presente a falar de suas vivências e experiências, do lugar onde moram a partir das questões: Quem eu sou? Para onde eu quero ir?  De onde eu venho? A juventude também visitou a horta comunitária do Quilombo da Gamboa.

A atividade também possibilitou que a juventude participasse da caminhada pela Pequena África, passando pelo Museu da História e Cultura Afro Brasileira (MUHCAB), Instituto Pretos Novos, Praça da Harmonia e Cais do Valongo, lugares de luta e resistência negra que ficam na região central do Rio de Janeiro.

Para continuarem o intercâmbio a comunidade do Quilombo da Gamboa já planeja visitar os coletivos da Zona Oeste e criar de um grupo em aplicativas de troca de mensagens para seguirem em articulação, troca de saberes e fortalecimentos das lutas coletivas pelo direito à moradia e à cidade.

A Ação Mulheres: por reparação das dívidas sociais é uma iniciativa da Rede Jubileu Sul Brasil em parceria com as Pastorais Sociais/Semana Social Brasileira e a Central de Movimentos Populares (CMP), com apoio do Ministério das Relações Exteriores Alemão, que garantiu ao Instituto de Relações Exteriores (IFA) recursos para implementação do Programa de Financiamentos Zivik (Zivik Funding Program). As ações contam ainda com apoios da Cafod, DKA, e cofinanciamento da União Europeia.

 

Fuente: Jubileu Sul Brasil

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